Artigo publicado no Diário do Comércio (28/04/2021)

O tema inovação nunca esteve tão em alta e nunca foi tão necessário para as organizações, seja em pesquisas ou no ambiente de trabalho. O cenário de pandemia e isolamento social devido ao Covid-19 ocasionou uma desaceleração geral dos investimentos, porém muitas reconheceram a necessidade de inovar para manter os negócios em andamento. Nesse contexto, surgiram muitas dúvidas que dificultam a implementação da cultura de inovação, a começar pelo entendimento real da inovação na prática.

Dados da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a falta de uma equipe qualificada e altos investimentos para inovar estão entre os principais desafios enfrentados pelas empresas. Para destravar a inovação, é necessário o envolvimento de todos os setores para estimular o surgimento de ideias para melhorar o que existe (inovação incremental) e criar abordagens inéditas (inovação radical), pelo menos trimestralmente, avaliando-se a implementação das mais efetivas e de acordo com a realidade financeira da organização.

A inovação ocorre em quatro principais pilares: produtos e serviços; processos internos; modelo de gestão e modelo de negócio. Envolver os melhores profissionais e alinhar conhecimentos práticos e conceituais fazem que a empresa se mantenha mais competitiva e próspera.

Uma maneira eficiente de alcançar resultados nesses quatro pilares é a criação de comitês específicos para debater melhorias dentro e fora da empresa. O primeiro comitê recomendando é o de clientes. Trazer para perto e ouvir os clientes mais exigentes, e que possuem um olhar mais crítico, é uma excelente forma de identificar os pontos de melhorias nos produtos, serviços, atendimentos e experiências. Além disso, esse comitê pode gerar ideias de novas abordagens exclusivas e inéditas.

O comitê de fornecedores é igualmente importante, para ideias de ações para reduzir os custos das matérias-primas e aprimoramentos em supply chain, com maior agilidade nas entregas e mantendo-se a qualidade.

Adicionalmente, ouvir os colaboradores com melhor desempenho e especialistas com experiência prática potencializa o surgimento de ideias inovadoras relacionadas aos processos internos e externos. Nesse comitê, além de debater sobre novas possibilidades de atuação, é importante identificar maneiras de tornar o trabalho mais eficiente e melhorar o bem-estar de todos.

Na maior parte dos casos, os líderes pensam em inovação como algo muito complexo e acabam deixando de lado soluções básicas e de baixo investimento. Por exemplo, ao melhorar as condições de trabalho como conforto físico e agilidade digital, o investimento para a empresa é baixo se comparado com os resultados vindos do aumento da agilidade e da produtividade.

Para inovar na prática, é necessário que esses quatro pilares sejam trimestralmente revisitados e aprimorados. Os comitês devem ser criados e funcionarem de forma organizada para que a empresa consiga inovar de verdade, aprimorar-se continuamente e se destacar tanto no curto quanto no longo prazo.

* Carlos Caixeta, economista e consultor empresarial.

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